sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Não mais

Olha
Olha a terra
Olha o mar
O que fui um dia
Não sou mais
Vira a página
Corre no Cais
O que fui um dia
Não sou mais
Sofre a derrota
Jura que não vai
O que fui um dia
Não sou mais
Chora os dias
E os vendavais
O que fui um dia
Não sou mais
Apodrece a carne
Envelhecem jornais
O que fui um dia
Não sou mais

domingo, 24 de agosto de 2008

Dois dias, quinhentos anos...

Abre cortina dos tempos
Queima fogo encantado
Pois se um dia fui menino
Esse menino jaz enterrado
Dança a dança dos dias
Gira a roda dos meses
Morre o perecer dos anos
Por agora, outrora e sempre
E amanhã?
Amanhã é presente e passado
Pois se houve um hoje
Esse hoje jaz enterrado
Perecem o rei e o grilhão
Limpa-os a chuva e o vento
Pois se um dia fui escravo
Desse dia não me lembro
Libertam os pés já cansados
Descalçam as botas
E correm ao vento
Pois se um dia os amarraram
Desse dia não me lembro
Dança dança dos dias
Cai o desabar dos séculos
Agora sou chama negra que brilha
Sou criança que corre e que grita
Viva! Viva! Viva o alvorecer anarquista!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Nem ao menos divertido...

Refuta-me
Refaz-me
Remove-me as entranhas
Destrói-me a carne
Faz-me vivo
Faz-me vivo
Apenas hoje
Apenas hoje
Faz-me vivo
Pois já não me lembro
Quando transformei-me
Em andar soturno
Em desesperança
Quando deixei de ser criança
Pra me tornar o que sou
Refuta-me
Refaz-me
Novo
Apenas hoje
Pra que amanhã possa lembrar-te
E dever a ti o que sou.

E então...

Serei eu? Serás tu?
Sejamos os dois.
Sejamos o dia e a noite
O amanhã e o hoje
O eterno dançar da vida
A roda eterna do tempo
Já rodamos por tantos dias
Ficamos tontos por tantos anos
Que eu já nem me lembro
Quando comecei a questionar
Serei eu? Serás tu?

A história do Jovem Joseph Henry

"Permanem sentados esses idiotas, rindo-se consigo mesmos
Não percebem que compadeço hoje, para no futuro ver-lhes libertados?
Serão pois tolos ou fracos, como pois tantos homens permanecem servos dos patrões e do Estado?
Mas eu hei de ser vingado!"

Po-se a bradar como um louco, fazendo ranger o grilhão dos braços:

"Viva a Anarquia! Vivam os proletários!
Eu sei que hei de ser vingado!
Não pode durar para sempre a opressão do homem pelo Estado!
Para os senhores minha vedeta terá um gosto amargo!
Viva a Anarquia! Vivam os proletários!"

E assim o o pobre Joseph Henry foi executado..

Na sua cabeça cortada sobressaiam alguns hematomas
Como a lembrar sua aventura tragicômica de morrer pra tentar ser vingado.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Apenas algumas considerações iniciais.

Vamos dançar e festejar, desmontar e refazer, olhar o mundo de cabeça alta e dizer a ele que de interessante não temos nada pra falar, nenhuma resposta, ou conselho, não portamos a paz ou alento, não sabemos a verdade, não portamos o bem, desconhecemos os mal, não se pode garantir nem ao menos diversão quando as cortinas abrirem e os tambores rufarem, não se pode dizer por certeza que haverá aqui qualquer refinada sabedoria, complexa e inquietante filosofia, ou mesmo a mais ingênua estupidez, o mais óbvio comentário sobre o assunto mais sórdido.
Tudo o que se oferece à vós que aqui entrais é uma viagem pelos pensamentos de quem aqui escreve, espero que estes sejam de vosso agrado, ou pelo menos os distraiam, se nem isso for possível compreenderemos vossa indignação e só podemos oferecer a página do Google como consolo.
Obrigado a todos os que leram esse humilde texto, que tenha sido de bom proveito e sejam bem-vindos.